quarta-feira, 25 de março de 2009

Anti depressivos em crise


Bom dia. Pois é, a crise chegou aos anti-depressivos. Apesar da crise e das consequentes mazelas que a mesma trás à maioria dos portugueses, a venda dos anti-depressivos está em queda. Não há guito para os comprar.

"A crise está na ordem do dia, o número de desempregados não pára de aumentar e é rara a semana em que alguém não compara os duros tempos que correm com a Grande Depressão dos anos 1930. E, no entanto, o consumo de antidepressivos até tem diminuído nos últimos meses. 
São os dados da consultora IMS Health sobre o número de embalagens de antidepressivos colocadas nas farmácias que apontam para este fenómeno inesperado: depois da crise económica estalar, e à excepção do mês de Outubro, em que se verificou um pico, a partir daí foi sempre a descer. Em Janeiro e Fevereiro deste ano baixou-se mesmo para níveis inferiores aos registados nos mesmos meses de 2008.

Explicações? São as crescentes dificuldades económicas que levam algumas famílias a cortar um pouco em tudo, mesmo nos medicamentos, defendem dois psiquiatras .  "Há situações diárias de pessoas que ficam sem emprego, pessoas que estavam a fazer a medicação e ficaram sem dinheiro, por isso não compram", explica Pedro Afonso, psiquiatra no Hospital de Júlio de Matos que também faz clínica privada. "Tenho tido feedback de alguns doentes. Dizem: lamento, mas não pude comprar este medicamento", relata, notando que há pacientes que fazem esta medicação há 25, 30 anos porque sofrem de depressão crónica.

Nalguns casos, avisa, deixar de tomar os medicamentos pode ser perigoso. Alguns antidepressivos não podem ser descontinuados de repente, o que provoca irritabilidade, insónia, agitação. O risco das pessoas poderem deprimir de novo e até de fazerem tentativa de suicídio existe, alerta. E o desemprego é "um dos factores com mais peso na origem de quadros depressivos reactivos". O que não significa que a maior parte dos desempregados entre em depressão. Mas a verdade é que "não há desempregados felizes". Pedro Afonso propõe que se faça como em Inglaterra, onde foi aprovada uma linha de apoio para acompanhar pessoas com doenças psiquiátricas vítimas de desemprego.  "É um impacto da crise pela parte da despesa. As pessoas têm menos poder de compra, logo vão menos às consultas e compram menos medicamentos", corrobora o director do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Júlio de Matos, José Manuel Jara. "Alguns dos doentes estão um bocado aflitos", acentua. Sente-se na clínica privada, onde as consultas são adiadas, e nos hospitais públicos, onde "a pressão tem aumentado". 

Seria necessário deixar passar mais tempo e fazer um estudo para perceber o que se está a passar, defende, cautelosa, a alta-comissária para a Saúde, Maria do Céu Machado, que prefere uma explicação mais optimista para este decréscimo. Nos últimos tempos tem-se falado muito do excessivo consumo de psicofármacos e as pessoas poderão estar a comprar menos por isso, especula. Também o psiquiatra Marques Teixeira é mais prudente, por achar que o fluxo de vendas de medicamentos tem um ritmo normalmente oscilatório e porque acredita que "os efeitos directos de uma crise não são imediatos a este nível". 

Seja como for, os tempos não estão fáceis, nem para os anti-depressivos.

fonte: Público


2 comentários:

Sandra Rocha disse...

Vamos falar de coisas alegres já nem posso ouvir falar em crise :D

Uma boa noite patu.

Anónimo disse...

bom dia, sem anti depressivos.